terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Gosto do silêncio do Inverno



Gosto do silêncio do inverno. Gosto do frio da neblina que oculta o nosso entorno. Gosto deste momento de privacidade que me envolve e me afasta tão próxima da cidade.
Oxalá invernasse o Homem. Oxalá dormissem os Monstros e as criaturas do Bosque. Oxalá a árvore approfittasse para crescer.
E… Oxalá meu amor tu aproveitasses para me ver…
Gosto do silêncio das geadas, gosto do sereno sossego das madrugadas… gosto do frio que paralisa, visto lá fora…
Gosto, acima de tudo de PAZ. Retiro-me.
Retiro e reitero.
Reitero com firmeza o que é justo, o que é inalienável, o que é de facto em prol do bem e não suscita dúvidas de forma alguma
Sim, há na realidade questões inconfundivelmente certas, verdades inalteráveis por séculos e séculos… mas às vezes ficamos confundidos, mas às vezes a realidade confunde-nos…às vezes parece que o certo até parece errado visto que há tantos do lado errado que sozinhos a lutar pelo certo até parece que nos enganamos de lado… e fica-se um pouco baralhado…
E, nessa altura era bom ter, sei lá, o profeta, o mestre, o pai a mãe… Deus. É que às vezes fazem-nos pensar que estamos obstinados… é que às vezes sentimos que há uma “caça às bruxas” e depois, em simultâneo rotulam-nos de paranóicos. É uma linha muito ténue a que demarca o herói do mal-amado. Jesus foi recebido com palmas e palmas a um sábado. Passados nem oito dias aclamava-se a sua morte. Joana foi tantas vezes aclamada como um símbolo, aplaudida, transformada em algo com um poder acima do natural. Mas não tardou o povo achar que tanto poder só podia ser coisa do mal e do demónio, logo foi demandada a sua morte na fogueira.
Por outro lado há os que foram obstinados e lutaram no deserto por causa de causas… e, também, ora foram amados ora foram odiados. Conseguiram. Mas, não sem se livraram em algum momento da fama de obstinados, teimosos e até pretensiosos.
Cansa. E às vezes morre-se.
Cansa. E às vezes duvida-se.
Cansa. E às vezes parece que fugimos do fundamental, e às vezes parece que nos isolamos do mundo pelo qual queremos batalhar… e às vezes parece que é tudo ridículo, que somos ridículos e tudo está bem… é como daquela vez que atravessei a rua para ajudar o invisual a atravessar a estrada porque o via a ir contra todos os postes… o senhor quase me deu uma bengalada, e disse “Ó menina deixe-me! Eu só quero atravessar no quarto semáforo! E ainda falta um!”
Às vezes… gosto do silêncio do frio.

Lúcia da Cunha


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