sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Sopras



Sopras
Nas sombras…sós
Quase nos sobras e sem sobras estamos nós…
Nós imensidão de gente, só, só gente…
Insolidária.
Nós na imensidão, imaginária,
Agrupados no vazio do nada
Seria que a Humanidade desertaria…
Portanto a solidão-sossegada-sussurrada-sombria…
Alegoria sem alegria, uma parémia qualquer dia:
“Havia, gotas de gente num mar
e, de repente, sem se esperar…
como se algo sacro transcendente
os tivesse abandonado…”
um rio um mar de gente
um corpo desabitado, desocupado
cada ser isolado na imensidão…
sopram-me vento
brisa suave ou tormento
sopra-me, inflama-me, inflama-me!
 Uma chama, que me chama e me chame, que inflame o coração!


um dia qualquer
Lúcia

Dois quilos de poemas



Dois quilos de poemas
Para que possas ler.
Fosse o conhecimento aos quilos
E ficavam vazios os estes e aquilos
Levados os pensamentos pelos ventos...

Dois quilos de literatura
Para que eu posso comer
(Roer esta côdea dura que não consigo moer)
E pinto a mesma, uma só pintura,
Com muita missiva para se ler.

                        Dois quilos de poemas
                        Podiam ser três ou quatro,
                        Mas a monogamia dá-me prazer
(Só cabem dois à mesa) SÓ CABE um neste prato.

                                  

                                                                                                          21-06-2013

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Almas do Purgatório




Eu gostava que a noite tivesse luz.
Que pudesses descer da cruz,
De beijar quem eu quisesse
E que houvesse…  houvesse… houvesse…
Eu gostava de amar como a matemática e a matemática saísse como o amor…
Eu gostava que houvesse e eu realmente tivesse o poder de tirar a tua dor
E dizer: sai dor, sai dor do corpo… desta alma amiga.
Eu gostava de te enxugar as lágrimas
Eu gostava de salvar as animas
Eu gostava de ter nos meus braços
Largos braços para apertar o mundo contra o meu peito e apaziguar-nos
De todos os temores…
Eu gostava de te amar
Sem ter que ser apenas um de muitos outros amores
Mas não pode ser…
Tenho que subir daqui
Tenho que fugir e sair
Salvar-me levar-te
Elevar-te comigo:
“- Anda levanta-te, vem… é a única forma de saíres da dor!
Anda levanta-te e vem aqui para onde sempre te chamei meu amor!”
Levo no meu olhar a tristeza de não te levar.
Levo no corpo a leveza por te deixar.
Anda, vem salva-te desse inferno que criaste!
Anda, sempre te chamei para vires,
Sempre te segurei para não caíres.
Levanta-te desse marasmo,
Vai até onde queres ir,
Vai ter com a felicidade, dá trabalho, mas vai.
Sai, sai sai sai!
Sai desse chão enlameado vem buscar quem está a teu lado…
Vai não sejas asno,
Vai a onde tiveres que ir
Para encontrares a felicidade.
Vai a onde queres ficar que é onde deves estar…
Onde te sentes a sorrir.
Onde queres ir.
“A tua amiga: eu”
23-11-2014