quarta-feira, 27 de abril de 2016

Espelhos Biselados



Mas afinal,
Não haverá mal
Por não te ter,
Mas afinal não passas de um tipo normal
Um pobre diabo qualquer
Como qualquer outro, a não ser
Por este meu jeito especial
De te amar e de te querer

Não passas de um pobre diabo qualquer
Como outro pode ser
A menos que te olhe com este meu jeito de te ver.

Nós respiramos igual
Nós eu e tu, tu melhor talvez
Pois afinal
como vês...
Não passamos de nada mais que normal
Não há nada em mim imprescindível fulcral
Nem em ti nada que impeça respirar – fundamental.

Não passas de uma pessoa qualquer
Como qualquer outra, a não ser
Por este meu jeito excepcional de te ver.

Lúcia  pereira da Cunha

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Tenho saudades



Tenho saudades
Dos beijos e dos abraços que não tive
E dos beijos e dos abraços que não me deste.

Serei velha no futuro e saudosa e solitária,
Presa a esta velha cadeira pobre figura... temerária?!
Ó céus que horror,
Inverte o rumo da própria vida meu amor
Vira o lema, ó do lema
Vira o lema acelera o motor
Faz lá o que for…
Mas vira-me esse fado
Vira-me para outro lado!

Tenho saudades meu amor
Dos sonhos que já tive.
Tenho saudades meu amor
Verborreia,
Não passa disso este fado feitiço
Ignóbil teia…
Trincha-me e talha-me e serve-me a última ceia
Ou nela posso servir…
Como queira…
Mas deixa-me ir.

Tenho saudades,
De um Apolo-Hercules.
De uma qualquer coisa que me falta.
E talvez só faça falta uma coisa qualquer
Um suspiro que liberte, um arregaçar e vamos lá ver.
Lúcia Cunha

terça-feira, 5 de abril de 2016

Meu jovem Príncipe



Meu jovem Príncipe,
Com lábios cor escarlate
Vê meus olhos cor de mate
Onde a alegria é ténue e a tristeza se esbate
Vê meu amor, hodierno,
Como me transformou o inverno…
Sou fraga, fria, suave e alva
Com uma estranha calma,
Que quase a mim surpreende,
Emergida do duro inferno,
recolhida no meu alpendre, sorriso de quem aprende...
Vê os olhos de quem amou e não se arrepende.
Vê os olhos de quem chorou e agora suspira.
Oh meu jovem Príncipe cor de lábios-sabor-de-mel,
Ainda sorris e terno sorrir, ainda és suave e alvo.
Haverás ser mordido pelo ácido e acre fel, cor-de-lira
Som de Sibila e cor coral
Haverás sofrer ó doce, o doce ensinamento do mal.
Vem, meu jovem Príncipe, deitar-te sobre o leito de uma mãe…

Decifra-me tu em Vites que eu te prevejo em Bits
Se te contar que são mais sete para além das três dezenas
Eu acho que ainda quebrantas e... vais-te.


Lúcia Cunha