terça-feira, 22 de junho de 2021

produto inacabado

 

Foi-se ao longe uma vontade que já esteve dentro de mim

E de todas as pulsões falta-me aquela que preciso para o fim

E não é que me falte a vontade ou o querer

Mas faltam-me as forças para o fazer

Tolhem-se-me os membros sem mal aparente

Para onde se foi tudo de repente

 

É um desencanto profundo

Sôfrego sentir do medo abafado noutro mundo

Como se o medo fosse pecado

Quando não é mais que um pragmático aviso

Do valor do juízo

De longo caminhar resultado

Consequência, resultado

 

Ah! já não basta caminhar sobre aviso

Como ainda ter de camuflar

O que não é se não produto natural da situação

 

E se um dia me deixasse cair?

Até voltar de novo a primavera ou o verão…

E deixar-me rebentar naturalmente depois de um repouso no chão?

A quem importa uma paragem hoje ou depois então?

 

Só me afaga o consolo da minha completa solidão.

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