quinta-feira, 14 de novembro de 2019

sem fogo na madrugada

há muito que não visitas as salas vazias do teu intimo
sempre pensei que as chamas do fogo
fugazes ou intensas seriam
chamas sempre

apagou-se a lareira e já é tarde para voltar a tear fogo
em breve pretendo tombar e tomar o descanso

sentir sempre falta daquilo que nunca foi

um incompleto eterno

só pode estar na hora do desaconchego
e chegar finalmente onde me chego

saberás tu quando será a hora da chamada?

saberei eu saber quando for chegada
a hora que procuro que seja sem demora?

há momentos que me pareces parte do que é tudo
porque jamais será tudo apenas alguém
sabendo agora de antemão que o mar é grande e o infinito vai para além da imensidão

há momentos que me pareces ideal para caminhar a par
outros por mera volúpia percebo que te queria a chegar

não se coaduna já o corpo a uma alma tão arranjada e viçosa
talvez não
ou então chego apenas à conclusão que já caminho num só pé
desde o cume ao sopé ou simplesmente caminho sempre só e em pé
ou apenas com o que seja mais próximo e com toda a multidão

não vejo razão para voltar a reacender a lareira, vai longa a velada
já chega de prantos, de prados e trabalhos até longa madrugada.

Lúcia


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