segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Dissecada



Dissecada como uma lagarta.
Cortas-me a alma,
Amputas-me uma pata…
Colocas nas entranhas alfinetes
Talhas-me a bisturi
Metes a fundo os estiletes
Exploras a alma ali e aqui…
Ainda por cima… não quero que me etiquetes
Guarda o que pensas apenas para ti.

Viste quão triste é a flor analisada?
A pantera embalsamada?
A águia dissecada…
Saberás como é asa mas não voa
Onde está a graça de saber como é feito o violino
Se desmantelado não soa?

Não, não me classifiques…
Não, não me critiques.
Beija-me em cada estrofe
Lê o meu busto
Toma-me num olhar calmo
Daqueles que acalmam e tiram o susto

Não é fácil fazer amor assim…
Mas às vezes sai-me, a mim,
Se deixar ir…
Não conspurques os meus sonhos
Ameixa seca, negra por fora e por dentro preta
Não passas de um corpo vazio sem alma…
Matas-te às musas.
Mataste-me os anjos
Tens um lastro de morte e nojo
Isso, volta a sufocar-me a afogar-me…
Ai, sou como aquela flor bonita que talhas de vez enquanto
E depois regenera e as feridas vai curando.

Lúcia

1 comentário:

  1. Parabéns pelo poema! Exprimir emoções poeticamente é uma necessidade para quem sente intensamente, para quem vive apaixonadamente, para quem crê no poder das palavras e não as contém dentro de si!

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