segunda-feira, 6 de agosto de 2018

A sombra dos Oásis




Já passaram muitas batalhas, mas agora não sinto vontade de lutar. Se tivéssemos uma casinha qualquer no ermo monte e descampado a ouvir as aves ao longe e o vento a soprar... apenas isso e chorar. Uma enorme vontade de chorar até ao final, até esvaziar por completo essa dor, essa humilhação que trespassa as paredes do tempo.

Mas, vejamos, vamos por partes. Para encontrares a saída, admite de uma vez: tu tens brilho e terás brilho até seres velhinha. Como têm os animais selvagens que até depois de extintos conservam na memória dos homens toda a grandeza e esplendor.
Já viste que não haverá na memória coletiva lembrança do caçador, a não ser a de um ser vil que destruiu até à última cada peça de caça? Que mérito há em perseguir e matar com artefactos sofisticados animais belos e lendários?
Grande, seria o homem que com audácia inteligência e sensibilidade conseguisse cativar os olhos da presa, ou pudesse curar as suas feridas, apenas pelo prazer de o ver de novo correr na savana com sua majestosa beleza.


Tens algo dentro de ti?
Não sei. Nem me importa. Se a tantos lhe importasse eu como me importa a mim coisa nenhuma seria tudo muito mais equilibrado.
Não sabes o que é “Amor”
E o céu está cansado


 Ficaria aqui
O resto da vida
A beber água das fontes e na sombra destes montes
Ficaria aqui o resto da vida
E desejaria que o resto fosse grande e infinito
Para poder beber do som destas águas
E ouvir das frescas sobras as aves
Este oásis foi feito para nós e para o nosso repouso

Este oásis foi feito para guardar o segredo do nosso tesouro

Achas mesmo que alguém quer saber?
Achas mesmo que alguém se importa com o teu choro
Achas realmente que alguém está interessado em curar feridas de pássaros que não faria cativos?

Achas que um dia vamos encontrar o paraíso minha ave pequenina?

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