O
que importa é ter paciência e persistir. O que importa é continuar. A vida nem
sempre é uma enorme revolução e só por escassos momentos temos tempestade com
trovão. A maior parte do tempo a natureza quase dormita… e no entanto, há sempre
vida que se agita e a evolução é constante, concomitante com o silêncio e com a
calma.
Vejo
a noite cair lentamente. Menos mal que houve um pouco de sol. Tu dormiste e
mais uma vez não foste ver o nosso deus ao seu altar: S. Sol está-te a esperar,
quando vais ao nosso
planalto? Quando me levas contigo até a esse lugar que eu adoro e desse
miradouro miramos a serpente prateada que rompe o vale e reflete a luz? Tira-me
deste outeiro, tira-me da nossa cruz. Mas tu dormes… tudo dorme e se deixa
dormitar aos poucos: é Novembro.
Adoro
este canto para onde voltei. Adoro este vale entre muralhas… vou dormir no doce
e viciante sono onírico. A minha cidade protege-me, a minha cidade prende-me.
Quero ficar aqui como Ulisses naquela ilha… a tua beleza é viciante, é ócio
para a razão: o meu pensamento foi de férias, aqui não me faz falta!
Mas
quero ser a rapariguinha do campo de cantara na mão e brincar com as papoilas
como se não pensasse na sua cor. Quero ser a rapariguinha do campo de
borboletas nos olhos corada como se tivesse descoberto agora o amor. Que me
importa parecer a rapariga do campo de vida simples de lá para cá de cá para
lá… com olhar bucólico e pensamento lírico.
O
que importa é ter paciência e persistir. O que importa é continuar. A vida nem
sempre é uma estrondosa revolução em que se abatem muros e se atiram pequenos
homens ao chão.
A
natureza pulsa de vida fantástica e em agitação frenética, cresce continuamente
e ininterruptamente ocorre a sua evolução. O frenesim do amor ocorre imperceptivelmente
na casa de cada um em silêncios surdos e corações mudos. E o mundo está a
hibernar dobrando-se sem se quebrar.
Lúcia
9-11-2014
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