Enquanto ao longe vejo fardos empilhados
Como se a natureza se encarregasse de pixelizar a paisagem
Há ovelhas plantadas no restolho
Como rochas arredondadas à semelhança das nuvens no céu
O mundo parou (decidi eu)
Neste momento em que fixo o tempo por dentro
é tudo igual em versões diferentes do mesmo bem e do mesmo
mal
Ainda não está tudo visto
Até que tu te digas para ir
e então me preparo e me visto
pronta para continuar
o motor do carro fala e lá fora tudo tem o seu lugar
mas o mundo parou (decidi eu)
o mundo para até eu decidi que volto
não há outro poder que queira
se não o da autodeterminação
é tudo igual em versões diferentes do mesmo bem do mal e das
gentes
e do que é mundano e do que é humano
tem cheiro doce a paz e a guerra
é tudo igual é tudo a mesma Terra
só se pode andar se não se for árvore
e somos arvores que voam
metamorfose constante
é tudo igual em versões e tamanhos semelhantes
são as gentes, são os montes e os amantes
e cada solidão única
é tão vulgar em qualquer um
potencial proto artista na sua dor
na alegria e na cor.
a Lúcia