segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Perdoa-me Senhor se não sou forte por fim



Rezo-te nas noite de ébano
Rezo-te no breu
Rezo-te na gélida noite
Invoco-te ao céu.
Sombras, trevas, solidão
Uma enorme e negra mão sufoca-me a garganta
Oxalá eu soubesse uma poderosa reza ou apenas um bom mantra

Acalma-me amor
Acalma-me com o toque da tua tez
Não tenho colo meu amor
Não tenho colo onde chorar tudo de uma vez
Tenho saudades do teu regaço
Tenho saudades do teu abraço

Deus, dá-me esse amor que as almas pequenas precisam…
Perdoa-me se não sou forte por fim.
Senhor, dá-me esse amor de Homens que se aquecem e aconchegam
Sou só uma criaturinha temerosa.
Sim, sou só uma menina.
Perdoa-me Senhor, por hoje apenas ansiar a tão pouco.
Onde está Senhor o pão que preciso para fornir meu corpo e suster a alma?
Dá-me Senhor,
Esse amor de braços fortes e coração grande.
De voz melodiosa e olhos doces
De clarividência astucia inteligência
Que seja grande, que seja forte, que seja bom
Que não seja  um deus mas seja Homem.
L.C.

Há bestas no bosque



Há bestas no bosque
Buscando bolotas porcos
Há bestas pestilentas
Ogres volumosos, pesarosos,carregados
Sufoco presa sob rochas que me têm maniatada
Não respiro não me liberto
A massa de água é pesada
Estou cansada… estou cansada… estou cansada!

Há monstros na floresta
Sapos, Ogres e ratos.
É tudo tão feio. É tudo tão dúbio e nublado.

Há corpos de gente moribunda…
 que se arrastam num monte enlameado
e eu não sei como não me sujo
e eu nem sei para onde fujo
não vejo saída em nenhum lado…

 Há bestas no bosque
Buscando brotes de almas puras
Abocanhando, em bocas blasfemas e escuras:
Sonhos de gente que desapossam de sois
Procrastinando-os às penumbras.

Há bestas no Bosque sombrio e frio.

L.C.

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

E, todos os Invernos são assim.



E… em todos os Invernos é assim:
 a chuva é fria, as noites claras e anoitece de dia.
E, em todos os Invernos o silêncio é frio e tu te esqueces de mim.

Quebrei as asas meu amor
Quebrei as asas meu anjo doce
E estou cansada das suplicas senhor da luz…
Trevas.
O gelo corta-me as pernas e dilacera as carnes
Como navalhas frias as gotas cravam o rosto e as mãos.
Foi-se o amanhecer e o Sol.
Ó santa, ó senhora da luz
Dai-me olhos para ver e coração para crescer.

E, todos os Invernos são assim: escuridão e frio.
E todos os Invernos são assim: solidão e silêncio e vazio…

Será que avisto a estrela do pastor?
Será que tenho ainda uma vela de cera amarelecida
Uma candeia velha e óleo e torcida?
Segura-me essa chama pequena e amarela, pequenininha, bela.

Vamos embora daqui meu amor
Vamos partir antes que chegue a neve
Vamos partir em breve
Vamos meu amor pequenino
Vamos para onde eu ainda possa viver
Vamos onde as forças não me falhem.
Vamos onde nos valem .
Lúcia Cunha