quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Vamos a isto?



Vamos a isto?
Há muito que não falamos. Já nem sei que dizer.
Há muito tempo que não me falam as plantas, nem a luz e a noite faz-se eterna.
Quase me habituei à solidão.
Mas o meu corpo fraqueja. E ainda havia tanto para dançar minha pobre preciosa bailarina.
Dói-me a vista e a alma está cansada.
Não sinto quase nada para lá da dor quase adoptada.
Canta por mim, ó musa que em mim moravas.
Liberta-me da prisão onde antes me resgatavas

Será o corpo, será o ruído?
Estou emersa...
Não, não estou emersa, subi ao topo e agora vejo, cansada,
Que ainda não fiz nada.
Aquilo que parece magia perfeita 
de tão bela parece que não custa nada a sua natureza
Na verdade vem-lhe da disciplina, treino e dureza feita...
não é factual nem fácil essa beleza.
Oh meu bom camarada
Vem juntar-te a mim nesta enseada
Vamos todos juntos meu bom camarada à procura numa luta
Que não seja uma batalha

E se eu pudesse dizer, meu bom amigo, porque se calou a voz comigo, a voz que antes da minha voz falava...
Se eu pudesse ser tão clara
Iria por em cada um tamanha ira que nunca mais acabava.
Iria fazer de cada um a voz do todo
A voz do Povo ó meu bom camarada.
Ficou para sempre marcada
Plantada a semente na escrita
Não foi a semente de camarada,
Nem houve se quer, qualquer semeada!

Encontrei apenas uma melhor palavra
para te dizer: meu amor,
meu bom camarada.

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