Vamos caminhando pelas várias paragens
E há sítios onde vou andando
E por onde já me perco nas passagens
É doloroso o trepidar
Escangalha-me o chassi e não há forma de recuperar
Tens mãos mas não agarras
E boca de onde não saem palavras
E a vida é um deserto
Um silêncio a céu encoberto
Onde vejo escapar a luz
Onde andas, onde me pus
Porque me seduz esse não sei quê de ausência
Não,
Não é nada disso do que quero.
Um deserto, um enorme e imenso deserto
Onde secam as palavras
Andamos sós por caminhos esquecidos
Vimos olhares enrugados e olhos enegrecidos
Espera-se o fim
Um fim é um principio para uma coisa qualquer
Por isso é tão importante terminar
E eu pergunto porque ainda manter viva a besta
Com ar de decrepitar
Há sítios que nem deviam existir
Foi a vontade do Homem a contrariar
O que deve ser
E o que deve ser é ditado
Pela besta e pelo diabo
Os silvedos irrompem
Os medos corrompem
E nós ficamos aqui envoltos suspensos neste enredo.
Não somos escravos nem se quer brinquedo…
Nas mãos de diabretes que jogam em segredo.
Tens mãos que não agarram e boca seca de palavras
Eu erotizo a alma e infernizo a calma.
Não sou de rédea curta
Nem se quer uma
Galga de luta…
Vou
Indo
E lendo
E vendo
E quiçá agora faça.
“Pinta-me as paredes de poemas” disse-me
com tom mordaz
talvez zombeteiro… quase nada audaz
e eu sei que ele vai ler cada paragrafo numa busca
perspicaz…
e eu meu amor,
busco água nas fontes onde não me bebes
fico embrenhada pelos vales e pelos montes…
havia tanto por onde morar e por onde andar…
fico a pensar no que te dizer
e depois...
vou-me embora
porque tem que ser.
Lúcia
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