Eu não quero ser diferente, quero ser normal. O
meu género não me faz diferente nem especial, nem inferior nem superior.
Celebrar uma efeméride como dia da Mulher faz-me
recordar que sou ou faço parte de um grupo com discriminação positiva.
Eu quero é que de uma vez por todas se me
reconheça o mesmo valor ou desvalor que qualquer outro. Os mesmos
direitos e os mesmos deveres. Que não esteja à partida, logo no momento da
minha nascença vedada a possibilidade de viver com os mesmos direitos e deveres
que a maioria, apenas porque nasci mulher ou homem, branco ou negro… não admito
sequer que se ponha em causa a minha dignidade ou que se questione se tenho
alma!
Nem sei bem até que ponto quero recordar que se
tivesse nascido noutro pais ou noutro credo, ou noutra época não teria o mesmo
valor que outro ser humano só por causa do meu género! Não sei até que
ponto quero recordar que ainda hoje há quem me diga frontalmente que não
podemos ter as mesmas funções porque não somos iguais, “e isso está provado
cientificamente”, não sei até que ponto me quero recordar que há 4 anos atrás
numa entrevista de trabalho me foi dito frontalmente que não queriam admitir
mais mulheres em determinados postos de trabalho, com determinada
responsabilidade… não sei até que ponto me quero recordar que faz sentido
“celebrar esta efemeridade” e ter esta coisa da discriminação positiva… não sei
até que ponto quero recordar que uma das minhas maiores virtudes é ser uma
mulher com um ar agradável e um dos meus maiores defeitos e ter a mania que sou
dona do meu nariz.
Não me quero recordar que nestes dias e em épocas
de campanha eleitoral alguém se lembre sempre de frisar que deve “haver mais
mulheres na politica”, eu acho que simplesmente deve haver mais gente
competente!
Quero que me digam que não sou competente, quero
que me digam que tenho que dominar melhor determinados assuntos, que se fizer
mais exercício físico terei mais força de acordo com o que é a minha
constituição física como um ser biológico com “x” kg “x” altura…
Sou diferente e tão vulgar como todos os
restantes seres humanos. Sou muito especial pelas minhas características
próprias, inatas e adquiridas, pelas vivências, pelo que me identifica e me faz
ser eu, com as minhas aptidões e dificuldades. Tenho o direito e o dever de
desenvolver o que sou capaz de fazer e melhorar o que preciso fazer melhor, sou
tão especial com as minhas especificações como o são todos os outros: ser
mulher é só apenas mais um aspeto, como ter uma vagina e calçar o 37-38.
Lúcia
8-03-2017
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