As palavras adentram-se na noite como esguios filamentos,
Não sei se sonhamos ou se tudo isto só são pensamentos.
Fica-nos nas mãos o embalo da luta, efeito de inércia,
O corpo ainda se debate em movimento e relutância
Não há descanso, não há paragem, não há morte!
É a luta é a militância… é tão bonita a luta camarada,
com junta a gente de sul a norte.
As palavras dançam-nos na boca
Quase em tropelia, quase à pura sorte…
Ficam-nos presas no silêncio até à revolta de um dia!
Fabrica no pensamento, operária que parece rendida,
Ao ritmo da montagem, a revolta de toda a vida.
Rompem do silêncio as mãos em luz
Que desistiram de pedir ajuda a Jesus
Rompem do silêncio os braços da força
A fazer o destino, a impedir que se sofra.
é tão bonita a luta camarada…
e há lá melhor poesia do que vir à rua a revolta eriçada?
e que a operaria fabrique dentro de si palavras maresia,
e que venham de dentro as palavras para que a luta não seja vazia.
Lúcia Cunha
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