sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

O que me abruma e me abisma


Ah o que me abisma e me abruma
É pensar-me tocada pelo teu corpo
E por todo o vazio do teu pensamento
Esse acéfalo, ausente raciocínio proveniente
De qualquer neurónio morto
abentesma jacente
que em vez de face é só escroto


ah mas o que me abisma e me abruma
são os salamaleques, os berloques e os berliques
que tecem e teces… imenso oco intenso
um cheio de nada espremida espuma
folha de sumaúma

o que me abruma, abantesma
e ver-me a mim mesma
envencilhada num parecer
que mais parece um empecilho
que não deixa nascer nem ser isto nem aquilo



Lúcia Cunha

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