A vontade maior era dizer: basta!
Vomitar dois pedaços de fel,
Fazer uma enorme evacuação
Da alma, gerar tamanho afito…
Desprender todos os esfíncteres
Que constringem as ideias…
Mas em suma o tempo seria um desperdício
Se em vez de genial se observasse o excrementício
A vontade era entregar de vez o corpo aos prazeres
Da doce morte, deixar que as larvas comessem as entranhas.
Dissolver-me pelos sucos dos saprófitos
Até que todas as
partes não fossem ao húmus estranhas.
Que se prolonguem
sobre o corpo, o meu corpo, Physarum
polycephalum
Que invada as faces, cubra olhos, lábios
Se prolongue nos
dedos como lodo imundo.
Designo sublime
De um recomeço
eminente
Morrer para ser
semente.
Lúcia Cunha
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