Meus sapatos vermelhos
Trilho meu caminho com meus sapatos escarlate
Sinto na cara palavras húmidas da chuva que me bate
Não conversa comigo sempre, o meu bom anjo.
E de ti… de ti não oiço nada, e fazes-me tanta falta
Meu irmão,
Meu doce irmão, meu abrigo.
Meu doce e eterno amigo…
Tenho-te deixado gritos marcados nos muros erguidos por
todos os lados…
Tenho deixado meus braços levantados e dedos pintados dos
dedos feridos
Meus sapatos encarnados
De sangue tingidos
Salpico nos charcos amargos
Sem que os sapatos deixem de ser encarnados
Meus sapatinhos vermelhos
Que me levam a todos os lados
Dos meus passos quase vencidos
Dos meus pés massacrados
Meus doces sapatos encarnados
Não piso, caminho
Meus doces lábios
emudecidos
A pressa
Faz adiar o importante
A Razão
Faz odiar, o vil amante
Mas, tenho meus sapatos vermelhos
Com que trilho o meu caminho
Firme, em verdade e carinho.
A LÚCIA
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