Eu esta noite dispo-me
Sabes há quantas noites
não me dispo?
Está seca a seara...
Mas ainda não é a ceifa.
Sinto os sons secos do
campo
Os gritos agravam... e os
grilos
gravam gravuras
sonoras grotescas
Agradam as ternuras
Amoras nas cestas
Está seca a noite
E desço até ao rio
houvesse um conselho frio
ouve-se um bongo e rio
afinal
volto envolto em vestes o
dia
retraio-me e retiro-me
abrigo-me
e lá fora
seca seara
sem som
verde que aflora
e se eu a beijar?
Haverá água doce a
brotar?
Deixa-me beijar
A fraga fria e reluzente
Deixa-me desenfeitiçar
O fado da minha gente.
Lúcia Cunha
Sem comentários:
Enviar um comentário