Achas que já é primavera?
Achas que já desabrocham as flores?
Sou uma velha hera
Que viu a morte dos amores
E não foi Hera.
Refugiu-me nas margens dessa ribeira
Que tu então já destruíste
descubro que há lugares
Que são onde eu quiser.
E aí, tu mísero ignóbil, não conseguiste
Macular esse eterno terno lugar.
Há lugares que são onde eu quiser
E alguns que eram e já não são
Continuam eternamente a ser
E eu, posso nascer
As vezes que me apetecer
Hera.
Gosto da hera verde.
Não se pode ser para sempre flor
Todas as estações são felizes
Às vezes é preciso ser-se fruto e amadurecer
E as vezes semente depois de se morrer
Há motivos para soprares, ó vento?
Ainda que sopres sou hera.
Será já primavera? E as flores,
Já abriram?
E os amores, já floriram
Os anjos, já pariram
Sons nas suas trompetes?
Eu sou hera, verde
Era
E não Hera.
Agora verde vestes.
Sem comentários:
Enviar um comentário