segunda-feira, 2 de março de 2015

UM POEMA CLARO PARA TI



Se eu pudesse
Fazer o que fazer queria
Deitava-me sobre tudo
Sobre o leito
Em deleito de poesia
E qualquer dia vou-me a ti de corpo inteiro
Para ser clara, clara, clara água do riacho
Sons nítidos deste vale, chocalhar da água na rocha
Não vejo em ti uma ponta de mal
Não sou fera nem besta nem asno que amocha
Não sou luz, lucerna ou lucero nem fogo nem tocha…
Mas deixo-me “do pensar”
E pego no teclado para amar
E qualquer dia vou-me a ti
De corpo inteiro
Ao teu corpo.

Se eu pudesse fazer o que fazer queria…
Vou-me a ti qualquer dia
E ponho a minha vontade em dia
Vou-me a ti qualquer dia
Fazer o que te fazia
Beijos no dorso colosso
Se eu pudesse ser terra seria barro rosso
Barro rosso
E fazia da papoila
A flor da minha poesia
Ah se fazia, fazia…
Fazia azia
Na barriga da burguesia
E era indigesta
E cortante como a vergastada da giesta
Mas farei.
Qualquer dia.
Mas farei qualquer dia.

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