segunda-feira, 2 de março de 2015

Riprende



Esgotei as palavras
Esgotei as lágrimas
Resta-me respirar
Esgotaste a Musa
Rasgaste-me a blusa
Rasgaste-me a alma
Tiraste-me o equilíbrio
E o ponto de calma
Só te resta abandonar.

Abriu-se a terra e o mundo engoliu o fundo.

Abriu-se o corpo e foi eterna a ferida
Aberta a saída num golpe profundo
Retira-me o lugar do coração
Retira-me o cheiro do corpo
Este cheiro a cheiro morto
Este cheiro putrefacto
Só me resta respirar
Só me resta respirar.

Respira
Riprende
Andiamo ragazzina mia, riprende di questa tormenta.
Andiamo via
Tu che la fai
Tu che la fai
riprende, riprende… io riprenderò
Respira, respira respira respira
Tosse expulsa nasce.
Tosse expulsa e nasce.
Nasce.
Nasce a cada batida deste teclado
Nasce meu bem ser meu bem ser, ser amado
Nasce do corpo do ventre da terra ser enlameado
Nasce, nasce ao som do batucado
Nasce, nasce da terra
Neste dia nublado e frio
Sinto já cheiro a vazio
E o eco do ritmo
E o claro som do rio
São claros e nítidos
E decerto quase belos
Os gritos dos pássaros
Os remos solitários dos dispersos batelos.

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