a noite sentou-se numa cadeira
e a lua ficou indignada.
sentas-te, adormeceste no sonho do sono
e concluíste que nada é do que foi.
todos os lugares vazios
e tu estás apenas num:
o lugar comum
sentaste-te na noite
à procura não sabias bem do quê
a solidão não adormece
e tudo o que vês deu-te vazio
"havias de ler um livro!"
talvez te desse fome
"e agora homem?"
ainda há forma de resolver esse problema aí do lado
estás sempre a tempo
enquanto houver tempo
e havia tanto lugar vazio
e havias de te sentar apenas num:
o lugar comum
e eu vejo-te agora porta a dentro
entro em ti e incomodo
sentes que te arranho
molesta como rododendro
mas não arranho nem sou funesta
acalento
de fora e adentro
como num mar que embarcas
onde não te perdes e te abraça
adormece
adormece a dor de que toda a multidão padece
ensurdece
e ouve só o coração
funciona
não foi preciso esforço
foi só doce elaborado esboço
improviso nascer
E, é só noite uma vez, antes do amanhecer.
A Lúcia
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