domingo, 31 de julho de 2022

à espera de ser II

 

Perdeste os dias na espera

Como se a paciência fosse virtude

Perdeste os dias na obediência de bom soldado

Convencido que a coragem dos bravos se mede pela retidão

Certo que a retidão é um sentido único e numa só direção

Bebeste os dogmas em vez de beber da água das minhas palavras

Ó soldado corpo

Ó soldado carne

Ó solado gado

 

Despojaste-te de ti à merce de uma cantiga

Que te trazia tranquilidade e segurança

São tão previsíveis e confortáveis as paredes regras.

 

Aprendeste a recusar beber a liberdade do doce mamilo intempestivo da paz

Porque trazia cheiros diversos, cores de todas a notas

Numa idiossincrasia…

E é tão longe o infinito

E difícil decifrar teias ardilosas da vida

a mutabilidade do diverso, da evolução

Entrar nas entranhas da mudança

E encarar-se nas entranhas em mudança

Ah essa revolução de dentro contida

Com espasmos involuntários

Dolorosa precipitação de prazer,

Ah o vazio a desorientação.

Como é difícil seres parido de novo todos os dias

Dentro e fora da gruta húmida e deleitosa

Ah a solidão!


A Lúcia

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