quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

a noite fartou-se de mim e mandou-me deitar

a noite fartou-se de mim e mandou-me deitar

vejo-te longe
numa nesga de ecrã e pareces pequeno, mais que o habitual
e eu sei-te grande
ou sinto-te?

a intensidade do ruído a pressão metálica e barulhenta das coisas faz fracos os homens bons
precisamos estar juntos
e seremos fortes como os juncos
meu amado irmão

sejamos humildes
escrevemos a minúsculas grandes palavras pequenas limpas como beijos na testa

a noite fartou-se de mim e mandou-me  deitar
e até os cães estranharam a minha presença
e a noite cansada dorme

vejo-te pequeno nas palavras bonitas que dizes
como se não fizesse mal ser pequeno nem fizesse falta dizer grande coisa

e imagino como seria deitar-me a teu lado
na pequenez bonita dos dias grandes
nas vidas curtas
e
já não preciso de te ver grande apenas assim
tu, sendo tu, eu igual a mim

irmão amado



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