sempre pensei que as chamas do fogo
fugazes ou intensas seriam
chamas sempre
apagou-se a lareira e já é tarde para voltar a tear fogo
em breve pretendo tombar e tomar o descanso
sentir sempre falta daquilo que nunca foi
um incompleto eterno
só pode estar na hora do desaconchego
e chegar finalmente onde me chego
saberás tu quando será a hora da chamada?
saberei eu saber quando for chegada
a hora que procuro que seja sem demora?
há momentos que me pareces parte do que é tudo
porque jamais será tudo apenas alguém
sabendo agora de antemão que o mar é grande e o infinito vai para além da imensidão
há momentos que me pareces ideal para caminhar a par
outros por mera volúpia percebo que te queria a chegar
não se coaduna já o corpo a uma alma tão arranjada e viçosa
talvez não
ou então chego apenas à conclusão que já caminho num só pé
desde o cume ao sopé ou simplesmente caminho sempre só e em pé
ou apenas com o que seja mais próximo e com toda a multidão
não vejo razão para voltar a reacender a lareira, vai longa a velada
já chega de prantos, de prados e trabalhos até longa madrugada.
Lúcia
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