vai longa a noite
e se eu pudesse dizer a essa nesga verde
de gente que ainda conserva algo de terno e puro
se eu pudesse abanar esses juncos moldáveis
tenros e inquebráveis
se soubessem esses mancebos
que vão ociosamente para o matadouro
e rebeldemente em manda se afastam do âmago de si mesmos...
sentir que os abraça a putrefacção
como mácula asquerosa
sai de mim em desespero
um quebrar gutural
como se de vós
sai-se um anjo para salvar a voz
de algum mal
"Aqui onde os sonhos me confundem e me agarram à vida: sinto-me segura e não me sinto perdida. Este meu alpendre de jardim onde brinco à vida e a vida é real… será certamente um raio de Sol um bom sinal?! (...) Neste alpendre de jardim quero ser a garça, não me faças cair em desgraça… nunca serei coelho ou pato… qualquer falcão que me ataque, mais tarde ou mais cedo eu abato."
quinta-feira, 28 de novembro de 2019
quinta-feira, 14 de novembro de 2019
a utopia feita verbo
às vezes fico indecisa se anseio pelo anseio
ou se a ansia de ansiar é só coisa de tolos
borboletas no estomago é uma coisa de acidez e de foro gástrico
nem mais nem menos
o resto que seja impulsivo não é mais que instinto resquício do que em mim é animal
há em mim ainda uma que sou eu que me luto dentro
e por fora sou luto resultado do tormento
há uma parte de mim que avassaladoramente me avassalou
e me tornou vassala... porém não sei se vá ou fique
tem de mim terra o que ainda te sirva
tem de mim vento o que ainda seja leve
tem de mim água apenas o que se dissolva
e tu sol faz que de mim se dissipe o que de mim reste
nada do que de fora venho me acende a alma
esta já só aquecerá por dentro
não há canção, nem evento
que me faisque a vontade
era tão fácil ficar deslumbrada
e tudo muda à medida que a Terra se vai tornado ocre
e depois bafejada pela humidade e pelo húmus
quando voltar a magia será
apenas realidade
num pouco o que era tanto
se tudo for mais coeso se for concreto
se tudo for mais forte se for perto
a utopia feita verbo
submete-se ao risco do desencanto
ou se a ansia de ansiar é só coisa de tolos
borboletas no estomago é uma coisa de acidez e de foro gástrico
nem mais nem menos
o resto que seja impulsivo não é mais que instinto resquício do que em mim é animal
há em mim ainda uma que sou eu que me luto dentro
e por fora sou luto resultado do tormento
há uma parte de mim que avassaladoramente me avassalou
e me tornou vassala... porém não sei se vá ou fique
tem de mim terra o que ainda te sirva
tem de mim vento o que ainda seja leve
tem de mim água apenas o que se dissolva
e tu sol faz que de mim se dissipe o que de mim reste
nada do que de fora venho me acende a alma
esta já só aquecerá por dentro
não há canção, nem evento
que me faisque a vontade
era tão fácil ficar deslumbrada
e tudo muda à medida que a Terra se vai tornado ocre
e depois bafejada pela humidade e pelo húmus
quando voltar a magia será
apenas realidade
num pouco o que era tanto
se tudo for mais coeso se for concreto
se tudo for mais forte se for perto
a utopia feita verbo
submete-se ao risco do desencanto
Lúcia
sem fogo na madrugada
há muito que não visitas as salas vazias do teu intimo
sempre pensei que as chamas do fogo
fugazes ou intensas seriam
chamas sempre
apagou-se a lareira e já é tarde para voltar a tear fogo
em breve pretendo tombar e tomar o descanso
sentir sempre falta daquilo que nunca foi
um incompleto eterno
só pode estar na hora do desaconchego
e chegar finalmente onde me chego
saberás tu quando será a hora da chamada?
saberei eu saber quando for chegada
a hora que procuro que seja sem demora?
há momentos que me pareces parte do que é tudo
porque jamais será tudo apenas alguém
sabendo agora de antemão que o mar é grande e o infinito vai para além da imensidão
há momentos que me pareces ideal para caminhar a par
outros por mera volúpia percebo que te queria a chegar
não se coaduna já o corpo a uma alma tão arranjada e viçosa
talvez não
ou então chego apenas à conclusão que já caminho num só pé
desde o cume ao sopé ou simplesmente caminho sempre só e em pé
ou apenas com o que seja mais próximo e com toda a multidão
não vejo razão para voltar a reacender a lareira, vai longa a velada
já chega de prantos, de prados e trabalhos até longa madrugada.
sempre pensei que as chamas do fogo
fugazes ou intensas seriam
chamas sempre
apagou-se a lareira e já é tarde para voltar a tear fogo
em breve pretendo tombar e tomar o descanso
sentir sempre falta daquilo que nunca foi
um incompleto eterno
só pode estar na hora do desaconchego
e chegar finalmente onde me chego
saberás tu quando será a hora da chamada?
saberei eu saber quando for chegada
a hora que procuro que seja sem demora?
há momentos que me pareces parte do que é tudo
porque jamais será tudo apenas alguém
sabendo agora de antemão que o mar é grande e o infinito vai para além da imensidão
há momentos que me pareces ideal para caminhar a par
outros por mera volúpia percebo que te queria a chegar
não se coaduna já o corpo a uma alma tão arranjada e viçosa
talvez não
ou então chego apenas à conclusão que já caminho num só pé
desde o cume ao sopé ou simplesmente caminho sempre só e em pé
ou apenas com o que seja mais próximo e com toda a multidão
não vejo razão para voltar a reacender a lareira, vai longa a velada
já chega de prantos, de prados e trabalhos até longa madrugada.
Lúcia
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